sexta-feira, outubro 19, 2007

Fundação Amália Rodrigues

A Fundação Amália Rodrigues foi declarada instituição de utilidade pública, segundo uma portaria publicada hoje no Diário da República, evitando a possibilidade de encerramento por questões fiscais.
O Diário de Notícias tinha noticiado em Agosto que a fundação estava em risco de fechar se tivesse de pagar os impostos sobre os bens deixados em herança pela fadista.
«Se o Governo não declarar a utilidade pública, o dinheiro que vai pagar em impostos destruirá a fundação», garantiu ao DN, na mesma data, o Presidente da Fundação Amália Rodrigues, Amadeu Aguiar.
A declaração de utilidade pública, que isenta a instituição do pagamento de impostos sobre os bens deixados por Amália Rodrigues, exige, no entanto, que a fundação não tenha dívidas fiscais e à Segurança Social.
O estatuto de utilidade pública obriga ainda à apresentação do plano de actividades do ano em curso, bem como o relatório pormenorizado das actividades efectivamente desenvolvidas.
A fundação Amália Rodrigues, com sede na própria casa da fadista, nasceu em 1999 com a finalidade de ajudar as pessoas mais desfavorecidas, designadamente órfãos, indigentes, sem-abrigo, e de apadrinhar instituições de beneficência e de solidariedade social.
O novo estatuto da fundação vai ser repensado dentro de três anos, através da avaliação do cumprimento dos requisitos gerais e especiais que lhe são impostos.
A Lusa tentou falar com Amadeu Aguiar, o qual não se mostrou disponível até ao momento.

Fonte: Diário Digital / Lusa

quinta-feira, outubro 18, 2007

Versos de Amália

Grito

Silêncio
Do silêncio faço um grito
E o corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco
De sombra a sombra
Há um céu tão recolhido
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido
Ao céu
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás d'ela
E eu
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora
Solidão
Que nem mesmo essa é inteira
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura
Ai solidão
Quem fora escorpião
Ai solidão
E se mordera a cabeça
Adeus
Já fui p'r'além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede
Adeus
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai como dói
A solidão quase loucura


«QUANDO CANTO, ESCUTO-ME...»

Amália nos "grandes portugueses" na RTP1

O que dizer de Amália Rodrigues?
Que é um dos símbolos de Portugal e a voz de uma nação inteira.
E também que foi a grande responsável pela reinvenção do fado. Deu-lhe novo fulgor e cantou o repertório tradicional de forma ímpar.
Ultrapassou todas as fronteiras e preconceitos culturais. “O fado era uma arte antes de Amália, e passou a ser outra depois de Amália”, diz o pianista e compositor Bernardo Sassetti.
Conseguiu, como ninguém, ter um pé na erudição, outro na magia.
E isso alvoroçava a fantasia do País. “Há um mistério naquela voz”, suspira a fadista Kátia Guerreiro.
Numa frase: Amália foi única. “Não foi em vão que, em 2000, centenas de críticos em todo o mundo consideraram-na uma das três vozes do século XX. As outras foram Frank Sinatra e Maria Callas”, revela o fadista João Braga. A diferença é que tanto Callas como Sinatra cantavam com grandes orquestras e com extraordinários maestros a dirigi-los. “Amália, não! Tinha um guitarrista de um lado, um violista do outro, e lá ia ela, a cantar uma língua dificílima, que só para nós é acessível”, acrescenta João Braga. Amália foi a quinta filha de uma prole de nove. Durante a infância, não teve brinquedos, mas sabia duas ou três cantigas. Os vizinhos pediam-lhe para cantar e enchiam-lhe os bolsos do bibe com rebuçados e moedas. Até aos 12 anos andou na escola, que adorava, onde o tempo era dela e da sua fantasia. Ali não tinha de ajudar nas lides domésticas. “A história de Amália é quase a história da Cinderela”, compara o encenador Filipe La Féria, que encenou o musical “Amália”. Depois dos 12, chegou a altura de contribuir para o sustento da casa - como acontecia com todas as famílias pobres. Aprendeu o ofício de bordadeira e, mais tarde, trabalhou numa fábrica de bolos e rebuçados. Recebia seis escudos por dia. Em 1938 Amália Rodrigues representou o Bairro de Alcântara, onde vivia, no Concurso da Primavera, em que se disputava o título de “Rainha do Fado”. Cantou, aqui e ali, cantigas tradicionais e danças rurais, do vira ao malhão, bem como as marchas populares nas festas dos santos de Lisboa. “Uma rapariga que vendia limões e maçãs no cais será conhecida em todo o mundo por cantar o fado”, refere Filipe La Féria. No começo de 1939, Amália fez a sua estreia profissional no Retiro da Severa. No ano seguinte actuou no Solar da Alegria, como artista exclusiva, com repertório próprio. Estreou-se no Teatro Maria Vitória, na revista “Ora Vai Tu”, personificando a fadista vestida com xaile negro. “Amália subiu a pulso. Rapidamente aprendeu a falar várias línguas, tinha uma grande versatilidade”, sublinha Kátia Guerreiro. Amália sempre teve fome de conhecimento. Aprendeu depressa, com voracidade, como quem devora um banquete real. Ainda hoje ouvi-la cantar é um bálsamo para a alma - emociona até aos ossos. Provoca em quem a ouve um incêndio. “Não é uma forma de sair da tristeza. É uma forma de entrar na tristeza extraordinária e depois sair dela. Às vezes, é preciso ser-se tão triste para se ser capaz de ser tão feliz”, diz José Carlos Malato, apresentador da RTP, assumindo a sua admiração por Amália. A jovem Amália Rodrigues impressiona todos. Canta com intensidade dramática. “O que interessa é sentir o fado. Porque o fado não se canta - acontece. O fado sente-se, não se compreende, nem se explica”, dizia ela com frequência. “Na sua voz está toda a gesta do nosso povo: sofrimento, alegria, afectuosidade, melancolia, genialidade”, diz o escritor Fernando Dacosta. Em 1943 Amália Rodrigues estreia-se com grande sucesso em Madrid, a convite do embaixador português. Começa o seu fulgor internacional. Em 1944 está no Brasil - e é o delírio. “Criou todo um novo ritual para o fado: a maneira como está no palco, como se veste, com um bom gosto extraordinário. Dava-lhe a dimensão de diva”, opina Fernando Dacosta. O truque? Soube ser simples e sofisticada. Estar com o povo e, em simultâneo, com as elites. Em 1949 Amália já fizera grande sucesso no Brasil e em Madrid. Os seus discos eram vendidos em 16 países. Pela primeira vez vai a Londres e a Paris a convite de António Ferro. “Foi a mulher mais célebre do século XX português”, afirma, peremptório, o historiador Vítor Pavão dos Santos, autor da biografia de Amália Rodrigues. “Consubstanciou no canto aquilo que é ser português.” Em Roma, Amália quebrou um tabu. Cantou no Argentina, um teatro de ópera. Neste espectáculo participaram a cantora lírica Maria Caniglia, o violinista Jacques Thibault e o tenor Fiorenzo Tasso, acompanhados por uma orquestra sinfónica. Amália era a única cantora ligeira. Estava sozinha com a guitarra portuguesa de Raul Nery e a viola de Santos Moreira. Quando entrou em palco não conseguiu disfarçar o medo. “Acho que tive o público comigo, ainda antes de começar”, revelou ela. O sucesso foi avassalador. “Ela tinha grande sentido de espectáculo. Vê-la era diferente de ouvi-la”, sublinha Vítor Pavão dos Santos. “Tinha um contacto mágico com o público.” Fazia sempre, em cada novo espectáculo, uma entrada triunfal, daquelas que nos fazia cair o queixo de puro pasmo. No palco, era um vulcão à beira da erupção, com os seus olhos sedutores a olhar a plateia. “O fado, quando comecei, era amarrado como se tivesse uma só divisão, e a minha maneira de cantar deu-lhe mais duas casas. A minha voz queria fugir dali, mas batia na porta. Tive que cantar à minha maneira”, dizia ela. “É uma mulher profundamente portuguesa. Teve muitas oportunidades de ir viver para fora de Portugal, mas escolheu sempre a Rua de São Bento”, conta Filipe La Féria. Amália tem a arte de sincronizar o que é urbano e rural, o que é popular e erudito, através de uma voz de timbre único, cheia de emoção sensual e musical. “Tem um toque de divindade”, diz José Carlos Malato. “Ouvi-la convoca-nos para uma espécie de liturgia das palavras. É algo mais do sagrado do que do profano. Ninguém diz aquelas palavras com aquela intensidade. Ela não grita. Ela morde as palavras, acaricia-as, solta-as, puxa-as”, diz José Carlos Malato. Para além de tudo disto, Amália Rodrigues fez uma espécie de voo rasante pela poesia portuguesa. Os poetas Pedro Homem de Mello e David Mourão-Ferreira escreveram para ela. Cantou os grandes poetas da língua portuguesa, dos trovadores a Camões, e de Bocage aos poetas contemporâneos, guiada sempre, segundo dizia, pela intuição. “Fez da língua uma pátria imensa”, lembra Kátia Guerreiro. “Amália foi quem mais divulgou, em termos planetários, a nossa poesia”, corrobora João Braga. Tinha uma faceta interessante, que poucos conhecem: Amália foi uma extraordinária poetiza. “Se não fosse o génio que era como cantora, ficaria na história da literatura portuguesa do século XX como grande poetiza”, sugere Fernando Dacosta. No fim da vida, Amália Rodrigues intensifica a sua nostalgia. Às vezes parecia levar a tristeza ao peito. Também por isso Amália é um ícone incontornável de Portugal. “Ela foi uma mulher tremendamente só, mal compreendida e morreu muito amargurada com todos os portugueses”, garante Filipe La Féria. “Perdeu a voz, e quando perdeu a voz, morreu.” Amália tinha um terrível medo da morte. Mas nem ela, com o seu toque de divindade, conseguiu driblá-la: a morte bateu-lhe mesmo à porta no dia 6 de Outubro de 1999. Para a história, ficam as palavras do poeta David Mourão-Ferreira, que a considerava “a voz da diáspora e a voz do ‘terroir’ (chão), a voz da distância e da intimidade, com a amplitude das mais altas vagas e a tocante discrição de recolhidos santuários”.


Para saber + sobre amália e outros grandes portugueses: http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/

Jardim Amália Rodrigues







O Jardim Amália Rodrigues é um jardim em Lisboa, assim nomeado em 2000 para homenagear a fadista Amália Rodrigues. Inaugurado em 1996, prolonga-se para norte do Parque Eduardo VII, numa área central e das mais altas da cidade. O seu relevo e desenho dão-lhe grande diversidade de ambientes.
Possui um grande anfiteatro virado para o vale da Avenida da Liberdade e um lago circular, junto do qual se localiza um bar com esplanada. No ponto mais alto do jardim existe ainda um restaurante.
No jardim foi colocada uma estátua do escultor colombiano Fernando Botero, escolhida pelos lisboetas e turistas aquando de uma exposição de obras suas no Terreiro do Paço.














O desaparecimento de Amália Rodrigues

Amália Rodrigues, que contava 79 anos,
foi encontrada sem vida às oito horas da manhã do dia 6 de Outubro pela sua secretária particular. Logo de seguida, o Primeiro Ministro António Guterres decretou três dias de luto nacional pela morte de Amália Rodrigues.
O desaparecimento da intérprete de 'Estranha Forma de Vida', 'Uma Casa Portuguesa', 'Vou Dar de Beber À Dor', 'Com Que Voz', 'Fado Português', 'Ai, Mouraria' e 'Libertação', entre muitos outros fados, é classificada como uma grande perda pelas principais individualidades portuguesas.
Jorge Sampaio disse de Amália que esta foi uma senhora que sempre soube resistir às evoluções dos regimes. "Projectou Portugal no mundo quando era difícil. É uma grande emoção, e é um dos raros momentos em que os portugueses estão todos unidos", disse o presidente da Républica à Antena 1. Em conferência de imprensa, Jorge Sampaio afirmou ainda "foi a pessoa que mais marcou os espíritos portugueses". Para o presidente da Républica, Amália nunca perdeu o seu prestígio: "Ao vê-la envelhecer, recordámos sempre o seu auge. Deu à identidade portuguesa outra faceta. Amália morre, mas ela está sempre viva, e será sempre mantido o seu fado, a sua música, a sua pessoa".
De acordo com informações prestadas pela Valentim de Carvalho, Amália Rodrigues tinha regressado no dia 5 de Outubro da sua casa de férias, em Brejão, quando se sentiu mal, vindo a falecer já durante a madrugada na sua residência habitual. Segundo Lionilde de Jesus Henriques, secretária da cantora, devido à sua indisposição, Amália teve de recusar um convite para estar presente numa corrida de touros em Vila Franca de Xira, a favor de Timor-Leste, onde seria convidada de honra.
À porta de sua casa na Rua de S. Bento, cerca de duas centenas de pessoas esperavam-na para acompanhar um cortejo triste até à Basílica da Estrela. Entre gritos e choros, a maioria das pessoas que acompanharam o carro eram anónimos admiradores. Os lisboetas despediram-se da fadista com palmas, mas as lágrimas corriam pela cara de muitas das pessoas que ali se encontravam, enquanto nas varandas das ruas por onde passou o corpo de Amália, foram vistos vários lençóis brancos e moradores a acenarem com lenços. Na Basílica da Estrela esperavam centenas de populares para se despedirem de Amália Rodrigues. Fonte Jornal Público

O desaparecimento de Amália Rodrigues

Amália Rodrigues, que contava 79 anos,

foi encontrada sem vida às oito horas da manhã do dia 6 de Outubro pela sua secretária particular. Logo de seguida, o Primeiro Ministro António Guterres decretou três dias de luto nacional pela morte de Amália Rodrigues.
O desaparecimento da intérprete de 'Estranha Forma de Vida', 'Uma Casa Portuguesa', 'Vou Dar de Beber À Dor', 'Com Que Voz', 'Fado Português', 'Ai, Mouraria' e 'Libertação', entre muitos outros fados, é classificada como uma grande perda pelas principais individualidades portuguesas.
Jorge Sampaio disse de Amália que esta foi uma senhora que sempre soube resistir às evoluções dos regimes. "Projectou Portugal no mundo quando era difícil. É uma grande emoção, e é um dos raros momentos em que os portugueses estão todos unidos", disse o presidente da Républica à Antena 1. Em conferência de imprensa, Jorge Sampaio afirmou ainda "foi a pessoa que mais marcou os espíritos portugueses". Para o presidente da Républica, Amália nunca perdeu o seu prestígio: "Ao vê-la envelhecer, recordámos sempre o seu auge. Deu à identidade portuguesa outra faceta. Amália morre, mas ela está sempre viva, e será sempre mantido o seu fado, a sua música, a sua pessoa".
De acordo com informações prestadas pela Valentim de Carvalho, Amália Rodrigues tinha regressado no dia 5 de Outubro da sua casa de férias, em Brejão, quando se sentiu mal, vindo a falecer já durante a madrugada na sua residência habitual. Segundo Lionilde de Jesus Henriques, secretária da cantora, devido à sua indisposição, Amália teve de recusar um convite para estar presente numa corrida de touros em Vila Franca de Xira, a favor de Timor-Leste, onde seria convidada de honra.
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Eu ficava-lhe muito grata!!!!
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sábado, outubro 06, 2007

Amália, 8 anos de saudade

Faz hoje 8 anos que a nossa Amália morreu... acontecimentos perante este feito: A Câmara de Lagoa vai promover em vários equipamentos culturais do município, entre os próximos dias 6 e 19, um ciclo de homenagem a Amália Rodrigues. A iniciativa é subordinada à vida e obra da grande intérprete do fado e que foi uma das maiores referências da música portuguesa. A fadista Maria da Fé actua, hoje, em Toronto (Canadá), no Mississauga Portuguese Cultural Centre, por ocasião das celebrações oficiais do Dia de Amália Rodrigues. Falecida em 1999, Amália é considerada o expoente máximo do fado, sendo um dos portugueses mais conhecidos do mundo. O tenor Giovanni D’Amore, em conjunto com os músicos privados que acompanharam Amália Rodrigues ao longo das últimas décadas da sua carreira, vão estar reunidos num concerto de homenagem à diva do fado num concerto marcado para o dia 6 de Outubro, às 21h30, no Auditório Municipal de Lagoa.